Os Sapatinhos Vermelhos
Numa bela tarde de sol, uma mocinha passeava com o namorado numa praça onde se realizava uma feira, quando viu na vitrine de uma loja do outro lado da rua um lindo par de sapatilhas vermelhas. Ela que sempre teve uma vontade enorme de dançar, mas sem ter tido numa oportunidade de aprender, fica encantada com as sapatilhas que estão à venda.
O rapaz, porém, pressentiu alguma coisa estranha que não lhe parecia boa, uma força quase mágica que vinha do tal sapato que exigia a aproximação e atenção do casal. Com tal pressentimento, o jovem tenta fazer com que a namorada se desinteresse das sapatilhas, sem ter, porém um motivo concreto para dissuadi-la da compra, a não ser o alto preço que era pedido.
O vendedor da loja, que observava toda a conversa do casal, se aproximava de uma forma um tanto estranha, pois não era amigo ou mesmo conhecido de nenhum dos dois, e oferece de presente à moça o par de sapatilhas vermelhas.
Entusiasmada, ela se desfaz dos sapatos velhos, calça os novos e sai dançando lindamente pela feira, em meio às barracas e as pessoas que paravam para admirá-la. Dança com vários rapazes, feliz em perceber a grande dançarina que era. Nenhum dos seus pares conseguia acompanhá-la por muito tempo e ela dançava sem parar, fascinada pelo brilho dos seus sapatos vermelhos. Não tinha percebido que seu namorado há muito havia se perdido dela na confusão da feira e que o vendedor de sapatos, ao contrário, estava sempre por perto, em todos os lugares onde ela exibia a sua dança.
Horas depois, exausta, a moça volta ao centro da praça, querendo sentar, descansar um pouco, mas as sapatilhas obrigavam-na a dançar mais e mais como se mandassem no seu corpo.Quando já não agüentava mais, reconheceu na pessoa que sempre estivera ao seu lado, o vendedor que lhe havia dado o presente e sentiu como se ele a acusasse de ser uma ambiciosa, dona de um desejo incontrolável de se tornar bailarina a qualquer preço. Sentia como se ele a culpasse por alguma coisa muito séria que ela mal podia entender, e que a estava castigando, ou melhor, ela mesma estava se castigando por não ter controlado a tentação de ter os sapatos e ser notada por sua dança.
Confundindo aquela fantasia, aquele pensamento, com a vida real, a moça desesperada tenta voltar para casa. No meio do caminho encontra um velho que a conduz para uma igreja onde ela descansa e pensa sobre a vida, e se vale a pena trocar sua tranqüilidade por um desejo tão facilmente realizado através da magia, longe da realidade.
Ainda confusa entre a verdade e a fantasia, a moça desmaia de cansaço e morre em seguida.
Nesse mesmo instante, aquele estranho vendedor recoloca na vitrine o mesmo par de sapatilhas vermelhas à espera de uma próxima vítima.
*Ballet para Cinema
Coreógrafo: Robert Helpmann
História de Emeric Pressburger
Música: Braian Easdale
1ª apresentação em 1948 - Inglaterra
O rapaz, porém, pressentiu alguma coisa estranha que não lhe parecia boa, uma força quase mágica que vinha do tal sapato que exigia a aproximação e atenção do casal. Com tal pressentimento, o jovem tenta fazer com que a namorada se desinteresse das sapatilhas, sem ter, porém um motivo concreto para dissuadi-la da compra, a não ser o alto preço que era pedido.
O vendedor da loja, que observava toda a conversa do casal, se aproximava de uma forma um tanto estranha, pois não era amigo ou mesmo conhecido de nenhum dos dois, e oferece de presente à moça o par de sapatilhas vermelhas.
Entusiasmada, ela se desfaz dos sapatos velhos, calça os novos e sai dançando lindamente pela feira, em meio às barracas e as pessoas que paravam para admirá-la. Dança com vários rapazes, feliz em perceber a grande dançarina que era. Nenhum dos seus pares conseguia acompanhá-la por muito tempo e ela dançava sem parar, fascinada pelo brilho dos seus sapatos vermelhos. Não tinha percebido que seu namorado há muito havia se perdido dela na confusão da feira e que o vendedor de sapatos, ao contrário, estava sempre por perto, em todos os lugares onde ela exibia a sua dança.
Horas depois, exausta, a moça volta ao centro da praça, querendo sentar, descansar um pouco, mas as sapatilhas obrigavam-na a dançar mais e mais como se mandassem no seu corpo.Quando já não agüentava mais, reconheceu na pessoa que sempre estivera ao seu lado, o vendedor que lhe havia dado o presente e sentiu como se ele a acusasse de ser uma ambiciosa, dona de um desejo incontrolável de se tornar bailarina a qualquer preço. Sentia como se ele a culpasse por alguma coisa muito séria que ela mal podia entender, e que a estava castigando, ou melhor, ela mesma estava se castigando por não ter controlado a tentação de ter os sapatos e ser notada por sua dança.
Confundindo aquela fantasia, aquele pensamento, com a vida real, a moça desesperada tenta voltar para casa. No meio do caminho encontra um velho que a conduz para uma igreja onde ela descansa e pensa sobre a vida, e se vale a pena trocar sua tranqüilidade por um desejo tão facilmente realizado através da magia, longe da realidade.
Ainda confusa entre a verdade e a fantasia, a moça desmaia de cansaço e morre em seguida.
Nesse mesmo instante, aquele estranho vendedor recoloca na vitrine o mesmo par de sapatilhas vermelhas à espera de uma próxima vítima.
*Ballet para Cinema
Coreógrafo: Robert Helpmann
História de Emeric Pressburger
Música: Braian Easdale
1ª apresentação em 1948 - Inglaterra
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